quarta-feira, 9 de julho de 2014

Legado da Copa: duradouro ou efêmero (Parte 3)

Além das falácias sobre os gastos com arenas da Copa, sobre o que já tratamos aqui, matéria de revistas e jornais dizem que não haverá legados duradouros.

José Augusto Valente (*)

O chamado “Legado da Copa 2014” é constituído por investimentos necessários ao desenvolvimento regional e urbano do país e que acabaram sendo antecipados e priorizados nas 12 sedes pela oportunidade de realizar uma Copa do Mundo no Brasil. Esses investimentos foram compartilhados pelo governo federal e pelos governos locais.

Principais legados da Copa 2014, cujos investimentos chegaram a um montante de R$ 28 bilhões:

a) Arenas multiuso em 12 cidades;
b) Aeroportos modernizados
c) Portos
d) Mobilidade urbana

Além desses, foram investidos R$ 1,9 bilhões em segurança, R$ 404 milhões em telecomunicações, R$ 180 milhões em ações de infraestrutura do turismo e R$ 208 milhões em instalações complementares. 

Neste artigo, tratarei dos itens (a), (b) e (c). O item (d) será tratado no próximo artigo da série Legado da Copa.

Falácia 3 – não haverá legados duradouros

Além das falácias sobre os gastos com as arenas da Copa, sobre o que já tratamos nas partes 2 e 3, matéria de revistas e jornais insistem em que não haverá legados duradouros (capa e matéria da Veja, em 25/6/2014). Será mesmo?

a) Arenas
Sobre as arenas multiuso, já escrevemos nos artigos anteriores que, além de jogos de futebol, serão utilizadas para megaeventos, como shows, espetáculos, conferências e reuniões, com conforto, segurança e qualidade. Exceto o de Brasília – que será gerido pelo governo – e Manaus e Cuiabá – que deverão ser concedidos –, os demais já estão nas mãos da iniciativa privada, diretamente, ou via PPP/concessão. Na verdade, não importa muito em quantos anos o investimento será amortizado pela iniciativa privada. Cultura, esporte e lazer são direitos de primeira ordem da cidadania de um país emergente que em breve estará no rol dos desenvolvidos. Assim, as arenas são um legado duradouro, não há dúvida quanto a isso.

b) Aeroportos
Negar que os aeroportos que foram modernizados “no embalo da Copa 2014”, mas também porque já havia demanda e projeto sobre isso, sejam um legado duradouro é uma insanidade sem fundamentação alguma.

Guarulhos, Brasília, Viracopos, Galeão e Confins estão ou ficarão no mesmo patamar que os melhores aeroportos do mundo, num futuro muito próximo. Os demais, sob gestão da Infraero, tiveram obras de ampliação e modernização, o que permitirá que o nosso sistema aeroportuário atenda adequadamente o crescimento da demanda de voos domésticos e internacionais nos próximos vinte anos.

Assim, é óbvio que os aeroportos que tiveram R$ 8,4 bilhões de investimentos serão um legado duradouro. Estão praticamente prontos e muito elogiados pelos turistas que vieram para a Copa.

c) Portos
Os R$ 587 milhões investidos em seis terminais portuários de passageiros (Fortaleza, Manaus, Natal, Recife, Salvador e São Paulo), juntamente com os que já existiam no roteiro turístico de grandes navios, na costa marítima e fluvial brasileira, terá uma importância crescente tanto para o turismo doméstico como para o internacional.

Baseado em que se constrói o juízo de que essa parte do legado não será duradoura?

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(*) José Augusto Valente – especialista em logística e infraestrutura

Texto original: CARTA MAIOR

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